Principais casos de hospitalização na raça negra em Vassouras: Estudo epidemiológico
Abstract
A ausência de informações acerca do quesito racial impossibilitava a proposição de intervenções específicas para os grupos étnicos. Esta ausência era atribuída à teoria da democracia racial, segundo a qual o componente étnico racial não ocasionaria diferença nos fatores de risco ao qual está exposta a população que reside no nosso território, não acarretando, portanto, diferenças na ocorrência dos eventos de saúde e doença. Esta abordagem subsidiou a adoção de políticas universais que não contemplavam as peculiaridades e iniquidades dos diversos grupos populacionais. De acordo com a literatura, o conceito de saúde da população negra está ancorado em três aspectos importantes: a política, a ciência e a cultura afro-brasileira. Além disso, destacam-se três aspectos dos processos de saúde e doença desta população: o racismo; vulnerabilidade diferenciada a determinados agravos ou doenças e o aprendizado e vivência das culturas e tradições afro-brasileiras. Nesse ínterim, a inclusão das análises segundo a variável raça/cor possibilitaria o conhecimento preciso da discriminação histórica, as quais, determinados grupos étnicos raciais estão submetidos através da mensuração das condições de vulnerabilidade traduzidas em evidências empíricas. O cuidado hospitalar é importante objeto de pesquisa em serviços de saúde, devido ao seu papel central na assistência e ao seu alto custo. O entendimento dos fatores associados à utilização de serviços hospitalares é fundamental para a discussão de políticas voltadas para o aumento da eqüidade do sistema de saúde brasileiro. Eqüidade é um conceito complexo, com diversas formas de operacionalização. As normas do Sistema Único de Saúde (SUS) estão de acordo com a definição de eqüidade como “tratamentos de saúde iguais para necessidades de saúde iguais”. O trabalho de Saúde da População Negra do Município de Vassouras tem como objetivos dar continuidade ao estudo sobre a população negra, iniciada em 2015 e a analisar o quesito raça/cor a partir dos Sistemas Ministeriais de Informação em Saúde. Neste sentido, este diagnóstico traz a análise de indicadores que compõem o elenco da pactuação, tais como: doenças no aparelho circulatório e respiratório, bem como transtornos mentais e outras afecções, evidenciando que existem diferenças entre a ocorrência na população negra e não negra desses agravos, implicada nas diferentes formas de exposição a fatores de risco, representado por condições ambientais, dificuldade de acesso a serviços e bens, bem como no acesso a informações em saúde. Neste eixo, e como uma forma de mostrar epidemiologicamente a necessidade de adoção de políticas com ênfase na população negra, foi realizado este trabalho. Este, embora com limitações pertinentes, reforça o que empiricamente era trazido pelo movimento social sobre a situação de saúde deste grupo populacional.
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