Lesão neoplásica em couro cabeludo. Relato de caso
Resumo
O carcinoma espinocelular (CEC), consiste em uma neoplasia maligna dos queratinócitos epidérmicos supra basais, que frequentemente cresce em áreas fotoexpostas, sendo a exposição cumulativa à radiação ultravioleta, especialmente UVB, o principal fator de risco. Objetiva-se, por meio de relato, descrever um CEC, moderadamente diferenciado, que se apresentou como lesão ulcerada de grande extensão acometendo couro cabeludo, em região parietal póstero-superior do crânio. Além de correlacionar os fatores de risco e lesão precursora apresentados pelo paciente em questão com os descritos na literatura e contribuir no processo de educação permanente do médico e da equipe de estratégia da saúde da família, capacitando-os a nível de prevenção, diagnóstico precoce e cuidados paliativos no câncer de pele. Paciente gênero masculino, 68 anos, diabético, cor branca, tagabista e etilista. Fora vendedor ambulante na praia por 10 anos sem utilizar qualquer proteção contra o sol. Relatou, há aproximadamente dois anos, lesão traumática em couro cabeludo em região occipital. Negou procura por assistência médica. Evoluiu há 3 meses com grande área ulcerada e acometimento da calota craniana. Internado HUSF, após encaminhamento da Unidade Básica de Saúde, para desbridamento cirúrgico e realização de biópsia. Na admissão: paciente bom estado geral, apresentando ceratoses actínicas em membros superiores e na cabeça. Não constatado linfonodomegalias em região cervical. O paciente não apresentou intercorrências nos 10 dias de internação. O exame histopatológico da lesão diagnosticou CEC, moderadamente diferenciado. Tomografia computadorizada de crânio demonstrou formação sólida ulcerada no tecido subcutâneo na porção parietal póstero-superior do crânio, presença de destruição da calota craniana na região adjacente. Prescrito ceftriaxone 2g, 01 vez ao dia, por 10 dias. Oncologista clínico indicou tratamento com radioterapia local devido à extensão e localização da doença, inviabilizando a ressecção total. Programada a radioterapia em regime ambulatorial e acompanhamento da equipe de Estratégia da Saúde da Família. No caso em questão, a presença de ceratoses actínicas associadas a exposição crônica do paciente aos raios ultravioletas e somado a fatores individuais como pele, cabelos e olhos claros (fototipo II de Fitzpatrick) elevou o risco para surgimento do carcinoma espinocelular. Por isso a educação em saúde para a população, com ações de estímulo à proteção individual contra a luz solar, é altamente eficaz e de custo relativamente baixo para a prevenção primária do câncer de pele. Portanto, apesar do câncer ser uma doença tratável, o diagnóstico precoce ainda é, no momento, a conduta que melhora o prognóstico do paciente.Downloads
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