Ressuscitação em pacientes adultos com hemorragia digestiva alta: uma revisão da literatura
Resumo
O controle da hemorragia digestiva alta (HDA) representa um grande desafio tanto nos serviços de pronto atendimento, como nas unidades de terapia intensiva. A anamnese e o exame físico, associados as características do sangramento, podem sugerir o sítio de sangramento e a sua provável etiologia. A ressuscitação inicial, a estratificação dos pacientes em baixo e alto risco de ressangramento e a abordagem endoscópica, são fundamentais para redução da morbimortalidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar o manejo emergencial da HDA em adultos, oferecendo dados para avaliação, tratamento e otimização dos recursos médicos na abordagem desses pacientes. Visando ainda, oferecer subsídios aos serviços de emergência para elaboração de protocolos, que proporcionem a padronização de conduta e melhorem a eficácia do atendimento inicial. Revisão bibliográfica nas bases de dados ScIELO, BIREME, LILACS, BVS, scholar.google.com.br e PUBMED no período de primeiro de abril a quinze de maio de dois mil e dezesseis. Com os descritores: hemorragia gastrointestinal, hemorragia digestiva alta, abordagem endoscópica, upper gastrintestinal bleeding, varizes esofágicas, hemorragia varicosa, hemorragia não varicosa, manejo do paciente, ressuscitação e tratamento. A abordagem inicial de HDA prioriza a perfusão e oxigenação dos órgãos vitais, através do aplicação do C, A, B da vida, concomitantemente à realização da anamnese e exame físico. As primeiras condutas incluem reposição volêmica baseada no cálculo de estimativa de perda volêmica, suporte e proteção de via aérea e monitorização contínua dos sinais vitais. Após a avaliação dos exames laboratoriais a administração de plasma fresco, concentrado de hemácias, plaquetas e fatores de coagulação será considerada. Escores como o de Rockall e de Glasgow-Blatchford ajudam na estratificação de risco de ressangramento e mortalidade, utilizando para isso critérios clínicos, laboratoriais e endoscópicos. A terapêutica medicamentosa com inibidores de bomba de prótons deve ser iniciada imediatamente nas hemorragias digestivas não varicosas, a fim de promover uma elevação adequada e sustentada do pH intragástrico, proporcionando a estabilização do coágulo e, a longo prazo, a cicatrização da mucosa. Nas hemorragias digestivas altas varicosas, o tratamento medicamentoso inclui a antibióticoterapia profilática e drogas vasoativas, que promovem redução do fluxo sanguíneo nas varizes. O tratamento endoscópico visa identificar o sangramento, realizar hemostasia e prever o risco de ressangramento. Embora existam muitos estudos a respeito do assunto abordado, percebe-se a importância do estabelecimento de um protocolo de atendimento na hemorragia digestiva alta nos serviços de emergência e Unidades de Terapia Intensiva, visando a redução nas taxas de morbidade e mortalidade.Downloads
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